segunda-feira, agosto 31, 2015

Direito à preguiça


Há dias, estava burguesmente a comentar com um amigo que só em muito raras ocasiões sou capaz de aguardar mais do que um par de minutos por uma mesa num restaurante, que detesto ficar em filas de qualquer espécie (prefiro desistir das coisas), que não tenho a menor pachorra para ir a locais onde não possa estacionar o carro perto (se possível, mesmo à porta!), que detesto ter de servir-me em self-services de tabuleiro, que só em desespero de causa como em buffets, de pratinho na mão, e outras coisas tão altamente cansativas e irritantes, onde se inclui, naturalmente, dar o NIF para obter uma fatura (somos o único país do mundo onde esta prática existe, sabiam?). 

A minha única deriva desta linha descansativa de comportamento, que em mim já é quase uma vertigem de natureza "workaholic" ou "stakhanovista", é o estranho gosto que tenho em meter gasolina no carro eu próprio (e já descobri a razão: porque detesto aquela mania dos funcionários de "acertarem" números redondos, quando lhes peço "depósito cheio").

A reação desse meu amigo, que, não por acaso, também é um admirador do Taki do "The Spectator", foi magnífica (e definitivamente instrutiva!):

- Meu caro, és cá dos meus! Eu nem às mesas dos doces vou! Era o que faltava! Sabes que até já desisti de comer fondue ou racklette, só pela trabalheira que aquilo dá?!

(Será só ironia? Ou "com a verdade me enganas"?)

Em tempo: esqueci-me de acrescentar que não vou a restaurantes que não aceitam reservas (gostava tanto de visitar a "Taberna da Rua das Flores", mas a vida é assim...) e, nunca por nunca, aceito ir a lugares sociais onde, à porta, haja um porteiro de cuja vontade dependa a minha entrada.

4 comentários:

Anónimo disse...

Conta-se que alguém foi servido do pequeno-almoço na cama, incluindo deitar o açúcar na bebida. Como não iniciava a refeição foi questionado porquê…Respondeu: então não mexeu!

josé ricardo disse...

Revejo-me absolutamente no post, incluindo (obviamente) o pormenor dos postos de combustível.

Um abraço,
José Ricardo

Anónimo disse...

Gente fina é outra coisa!

Anónimo disse...

Caro Embaixador, se não me engano, no Brasil é necessário informar o número do CPF (equivalente ao NIF) ao efetuar uma compra, se o cliente quiser ter direito à garantia do aparelho que estiver a comprar.

O outro lado do vento

Na passada semana, publiquei na "Visão", a convite da revista, um artigo com o título em epígrafe.  Agora que já saiu um novo núme...