quinta-feira, dezembro 30, 2010

Uma carta recebida

Chegou-me esta carta, que aqui publico, sem comentários:

Meu caro amigo

Escrevo-lhe um pouco em desespero, esperando me possa ajudar, através do seu blog. 

Desde há meses, mas com insistência nas últimas semanas, sou alvo de uma insuportável campanha de calúnias. Não passa um dia sem que, um pouco por todo o lado, falem muito mal de mim. Não entendo esta embirração: ainda não iniciei a minha actividade e não há jornal ou comentador que, ao referir-se-me, não diga coisas como "vai ser péssimo" ou "esperem para ver como ele vai ser uma desgraça". Mesmo sem me conhecerem, alguns já consideram que me cabem culpas e me colocam no pelourinho. Detestam-me, com a certeza antecipada de que comigo nada correrá bem, que represento o que de pior se pode vir a imaginar. O que mais me choca é que me não dão uma simples oportunidade de provar o que posso valer. É verdade, meu amigo, ninguém me dá o menor benefício da dúvida (quase me fugia a tecla para "dívida", imagine!).

Ora eu espero que me possam medir à luz dos factos. Quero dizer-lhe, embora com modéstia, que é minha firme intenção poder ajudar a rectificar aquilo que alguns dos antecessores meus poderão não ter feito da melhor forma. Mas não quero ser eu a julgá-los, eles lá teriam as suas razões e - espero que compreendam! -  disso me não cabem quaisquer culpas. Não sei se virei a ser pior que os outros, mas deixem-me tentar provar que até posso contribuir para que algumas coisas fiquem melhor no futuro.

Por isso, apenas peço que me julguem no fim, que seja dado tempo ao tempo.  

(assinado) 2011

Em tempo: Esta missiva já provocou uma reação por parte da Dra. Helena Sacadura Cabral, que pode ler aqui. Nelas detetei uma parca generosidade, pouco de acordo com a época que atravessamos, devo dizê-lo.

15 comentários:

Alcipe disse...

Bom, temos que dar algum encorajamento a este pobre 2011, se não ele ainda se suicida e vamos parar directamente a 2012!

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Quando um povo é posto perante muitos princípios e poucos fins; quando a luz ao fim do túnel é cada vez mais ténue e todos os dias o crescimento do túnel parece mais veloz que a velocidade da luz...o que se espera dos povos?

Gil disse...

E a inteligência?
Como vai de pessimismo?

Anónimo disse...

Então não é que fiquei com pena do 2011, embora vá ser responsável pela minha descida de vencimento!!!

Vou tentar fazer um esforço para o compreender e acerto as contas no dia 31 de Dezembro de 2011 :)

Isabel BP

Helena Sacadura Cabral disse...

Este 2011 tem cá uma "lata"!
Desculpe a expressão, Senhor Embaixador, que não é bonita numa casa destas.
Se tiver o remetente desse 2011, diga-lhe que se prepare para o 2012porque de boas intenções está o inferno cheio!
Ele há com cada 2011...

Anónimo disse...

Oh! Dra. Helena...

A sra...

Pois a ver pelos candidatos a presidente da república(Que aliás ...Enfim... Nem tida nem achada...Pudera...)

O 2011 merece uma grande oportunidade até pelo Enigma...

Imagine a Nossa ascensão, ainda a procissão vai no adro, e já sabemos pelas predições que nós as Mulheres vamos todas para Belém(La, la, La, a ver o Deus menino que a Senhora Tem), quero ver quem nos faz as coisas em casa, eu não devo estar incluída e acho bem, a não ser em part time(pela inconveniência, porque só for e vier para casa todos os dias e ainda são 100 euros de avião Vila real/ Lisboa tenho de ser sincera vão vejo a relação custo beneficio de consultadoria)

Agora a Sra...(Até por tudo e mais que mora perto) Não acredito a não ser por um Só murmúrio rebelde de sensualidade da sua rebeldia, pode dar um grande contributo Ao cavalheiro 2011 e ao País com o Seu saber.

Pronto deixe lá o orgulho...
Eles incluindo O 2011(Tadinho...) embora não admitam não prescindem da verdadeira sabedoria no feminino claro.
Conto consigo
Isabel Seixas

patricio branco disse...

Em tempos muito difíceis, um pouco de esperança no futuro (melhor)é atitude adequada, pedagógica e bom conselho. Diz-se que os optimistas vão mais longe que os pessimistas.
Um 2011 melhor, portanto.

Helena Sacadura Cabral disse...

Estimado Embaixador,
Há muito que não tinhamos uma dissidênciazinha. Catrapuz, chegou!
Mas garanto-lhe que tem em mim defensora mais ferverosa do que o desesperado 2011.
Ele que prove o que vale e depois falamos.E, já agora, aproveito para lembrar ao sesível 2011 que quando se anda por estas paragens, correm-se sempre estes riscos, que são normais em política, como diz Manuel Alegre...
Tem toda a razão quando fala na minha parca generosidade. É que esta época não é Natal. É puro consumismo. E para isso tenho pouca tolerância.
Talvez os senhores da EDP, que dão fatos usados aos pobrezinhos, com a TV ocasional por perto, sejam mais generosos do que eu. Que quer o Senhor Embaixador, habituei-me a dizer o que penso. E penso, ó se penso!:))

Isabel, minha querida
Espero bem que as suas "insinuações" - :))) - não se verifiquem, porque me trariam um sério desgosto, pese embora pudessem contribuir para a animação familiar.
E a ver o menino em Belem, nunca. Jamais alguem me apanhou a fazer côrte política, no passado, quer ao Pai quer aos filhos. A minha cabecinha ainda funciona muito bem. Muito menos o faria agora nesse "dantesco" cenário, que me levaria, direitinha, para a minha segunda pátria.
Defenderei ambos, enquanto filhos. Enquanto políticos não contem comigo. Eles que se defendam a si próprios, porque quem corre por gosto, não cansa...
Aliás, a política é herança paterna. Não minha!
Ah! Ah! Ah!

Desculpe, Senhor Embaixador, por usar esta sua Casa para responder à "nossa" Isabel.

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro Alcipe
Essa sua hipótese, com testamento vital, não me desagrada!

Helena Sacadura Cabral disse...

Em tempo
E esta, Senhor Embaixador? Será verdade? Será possível?
"Chefias da Segurança Social foram promovidas com retroactivos a Janeiro".
O 2011 já leva esta herança disfarçada de 2010...
Estou mesmo mazinha. :((

Francisco Seixas da Costa disse...

Cara Dra. Helena Sacadura Cabral: como verá, não é possível nem é verdade...

patricio branco disse...

O ultimo dia do ano neste blogue termina com uma polemica.
Mas a polémica é um debate saudável sobre um tema entre pessoas com diferentes pontos de vista.
Viva e util maneira pois de terminar o ano.
Já agora, só + 2 coisas:
1 o facto de este blogue existir já é um factor positivo para novo ano, para os que têm o gosto de o seguir, como o foi no que termina. Algo de bom teremos portanto.
2 o ano novo ser bom ou mau, tambem depende de cada um. Há os factores externos, o governo, os pecs, os impostos, o fmi, o proximo pr, o empréstimo da casa, etc. Mas há tambem a disposição interior que consiste nas medidas pessoais ou familiares, de fundo ou ligeiras, que tomaremos para individualmente resistirmos e passarmos o melhor possivel. Estas dependem de nós.
Eu p.ex. acabei de comprar um livro, seguindo um ritual dos ultimos 35 anos - comprar um bem escolhido no dia 31 para o começar a ler no dia 1. E amanhã verei se há algo novo neste ou noutro blogue. 48 horas distracção e bem estar asseguradas!

Anónimo disse...

Se 2010 não nos deixa saudades (nenhumas), 2011 é um caso “sui generis”. À partida já o queremos ver pelas costas. É um pouco como a pescada, antes de o ser já era. A larga maioria dos contribuintes, desde a classe média, aos desempregados, reformados (pobres, claro), etc, não verá razões para dar o benefício da dúvida ao tal marau do 2011. Basta ver as medidas entretanto anunciadas. Pela primeira vez, vou ficar pacatamente, como se fosse apenas um outro dia qualquer, à espera que a noite caia, seja meia-noite, ou outra hora qualquer. Uma coisa é certa e, desta vez, com a exclusiva excepção de uns tantos privilegiados, a vida no futuro quer próximo, quer a médio prazo será bem pior. Pena que pague quem para tal não contribuiu directamente. E quem foi responsável directa, ou indirectamente, passe ao lado dos pingos da crise. Daí que, hoje à noite, em vez do costumado espumante, optarei por um bom e seco Madeira, com os pés em frente à lareira, a pensar que, amanhã, outro dia e outro ciclo de vida, bem pior para muita gente, se irá iniciar.
A terminar, “meu caro 2011, deixa-te de lamúrias e vê é desapareces do horizonte o mais rápido que puderes e souberes!”
Oxalá 2025 seja melhor!
P.Rufino

Anónimo disse...

Dra . Helena longe de mim...
E a alusão a Belém não era qualquer insinuação,só o reforço a alguém a quem confiro competências o menino era a metáfora do País... se há aspecto que eu dissocio são os graus de parentesco das capacidades para , embora se houver coincidências de mérito , não vejo porque Não...

Meu Deus só queria brindar ao novo ano, nem sei se é oportuna a champanhe, não vão as bolhinhas fazer espirrar, eu a pensar num antídoto à relutância de 2011...


Estou de mãos no ar, e a pensar num brinde de Paz... que tal à nossa saúde...(Um brinde especial a Si, dra Helena).

Isabel Seixas

Anónimo disse...

Oh 2011 tem lá paciencia... com as notícias que nos chegam para os teus primeiros (e nao só) passnhos na vida julgas que poderemos continuar mais ou menos satisfeitos? Há quem te progostique um suicídio, mas há também quem te prometa compreensao com reserva para o acerto de contas quando te chegue o último suspiro. Há mais: Dizem que tens cá uma "lata". Há quem acrescente que nós os otimistas iremos mais longe. Nao tenhamos dúvidas vamos superar-nos e chegar ao 2012.
Agora viro-te as costas para me dirigir ao Titular do Duas ou Tres Coisas, desejando-lhe as maiores felicidades e agradecendo-lhe a possibilidade que me dá de em várias oportunidades me "misturar" com todos os frequentadores deste Blog para os quais vao também os meus melhores votos para um BOM 2011.
Francisco F. Teixeira

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...