terça-feira, agosto 10, 2010

A escola do "mas"

Hoje, o New York Times, elogia largamente a política energética de Portugal.

Ora aqui está um momento interessantíssimo para podermos aferir o comportamento, nas próximas horas, do nosso estimado "jornalismo adversativo".

Embora em parte a "banhos", não acredito que essa escola de escrita reticente deixe de assinalar, a par da notícia, tudo o que de negativo puder descortinar para a atenuar: "porém, há que contar que..." ou "não obstante, o jornal não deixa de...", etc.

Era o que faltava alguém andar a dizer bem da atual situação portuguesa - e logo "lá fora"!

14 comentários:

ARPires disse...

Vim aqui parar sem saber como, contudo posso dizer que fiquei deveras contente por tal ter acontecido, pois uma forma de estar presente emocionalmente com a minha cidade é poder partilhar das suas histórias que delas faço minhas.

Anónimo disse...

Entendo que o Senhor Embaixador, na qualidade de funcionário público e de representante do Governo Português, tente de alguma forma valorizar as opções deste Governo. Portugal tem coisas boas para serem promovidas - as quais até promovemos muito mal - mas, definitivamente, a política das tão "faladas" energias renováveis não é um bom exemplo. Diria que é um autêntico logro. Economicamente falando são erros e erros seguidos.
Como alguém explica que Portugal constitua um cluster como a Enercon que para nada serve a não ser imagem? A EDP fez recentemente a maior encomenda da história de aerogeradores. Obviamente que fez essa encomenda à Enercon, certo? Errado. A encomenda foi feita à dinamarquesa Vestas, provando-se mais uma vez que a Enercon já nasceu obsoleta.

E quantos empregos as energias renováveis criaram em Portugal? Será que fica apenas um pouco mais caro para os portugueses a aposta neste tipo de energias?

Recomendo a leitura de um blog onde vários especialistas debatem duma forma fundamentada o que está a acontecer no campo da energia em Portugal:
http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.com/2010/07/ainda-sobre-o-cluster-da-enercon.html

Não me parece que seja um caso para o jornalismo "adversativo".Infelizmente não é.

Anónimo disse...

Realmente é uma chatice, o "jornalismo adversativo". No tempo do Outro Senhor, de Sta. Comba, é que o "jornalismo" era bom, ou pelo menos mais "conjuntivo".

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Gustavo Sampaio: como vê, no tempo "deste Senhor", até o comentário adversativo é sempre publicado. Experimente fazê-lo em alguns dos blogues de que é seguidor...

Anónimo disse...

Sr. Embaixador: é a partir desse paradigma "adversativo" que resultam os debates de ideias mais abertos e interessantes, ora no fundo aquilo que me motiva a ler blogs, nomeadamente o seu, reconheço, sem receio de um antagonismo retórico que, por mais que discordemos, revela-se quase sempre enriquecedor (desde logo pelas inerentes partilha e confrontação de informação).

Quanto ao assunto que referiu, acabo de testemunhar a abordagem da RTP e não me deparei com qualquer "mas", muito simplesmente uma notícia "elogiosa", nada "adversativa". Curiosamente, o próprio artigo do "The New York Times", não sei se reparou, contém de facto um "mas"... relativamente ao custo monetário das energias renováveis, o maior entrave ao seu desenvolvimento. É precisamente isso que eu espero do "jornalismo", do "bom jornalismo": não tanto que seja "adversativo", mas que escrutine, que seja rigoroso, que não se limite a fazer passar informação sem espírito crítico, mera correia de transmissão, como tanta comunicação social faz hoje em dia, infelizmente, para mal da nossa democracia.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

... e ainda

os defensores - propagadores da "situação insustentavel do País

manter-se-ão calados?

Cavacu e Freitas devem dizer de sua apreciação destes factos relevantes,

inclusive na nossa divida externa, que tem uma fortissima componente energetica, suponho...

Unknown disse...

Já aqui disse o que bem entendi dizer do «jornalismo» do «mas, porém, contudo, ainda assim, assim mesmo e et coetera». E o Embaixador Seixas da Costa não cortou nada. Deixou passar tudo. Um mãos largas... Ele não precisa de arvorar as bandeiras da Liberdade e da Democracia; elas estão sempre içadas neste blogue.

No meu blogue - e aqui fica o endereço para quem quiser discordar de mim: http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com - não entram «anónimos». Mascarilhas - só no Carnaval ou nos filmes do Zorro. Anónimo é sinónimo de não dar a cara nem a morada, nem nada, para não ser sujeito a resposta.

O NYT está comprado pelo Governo Português. Toda a gente suspeitava disso, mas, agora, ficou sobejamente demonstrado. Aliás, trata-se de um pasquim dos socialistas, mais, dos marxistas, mais ainda dos leninistas, quiçá mesmo dos estalinistas. Uma vergonhaça!

Já lá vão uns bons anos, na qualidade de Chefe da Redacção do DN (outro coio de sacripantas, a soldo dos esquerdalhaços mais contundentes, e naturalmente, também vendido ao Poder) tive a honra e o prazer de participar na conjura contra a verdade.

Isto é, assinei com o NYT, na sede dele em Nova Iorque, o acordo de Exclusivos que vigorou anos a fio. Um desprestígio, uma cabala, um despautério: o DN + o NYT; que associação criminosa!...

Mas, finalmente, o anónimo em causa vem repor a verdade: o NYT foi comprado, à sorrelfa, por José Sócrates. Enfim, o dinheiro, mesmo que seja €€€€€, um tanto desvalorizados, é a mola real do Mundo.

Abaixo as renováveis! Viva a importação de energia! E, já agora, vivó Sporting! Alguém tem de ser verdadeiro, ainda que desavergonhado.

Bettencourt de Lima disse...

LI o longo artigo que o NYT dedica ás energias renováveis em Portugal, longo o artigo e longo o elogio. Para alguns muito difícil de engolir, pois a dedicação exclusiva ao ‘bota abaixo» conduz a um « estado de alma » em que as boas noticias só atrapalham. Mas, acima de tudo, mencionar o nome do Primeiro Ministro e do Ministro da Economia (ex) como responsáveis, bom, isso foi demais.

ARD disse...

Não é "jornalismo adversativo" mas é "pasquinada sardónica".
Título no "Diário Económico": "Uma boa notícia sobre Portugal. Para variar".
Valha-lhes Deus...

João Antelmo disse...

Jornal “i”;
Sob o título “Portugal pode servir de exemplo aos EUA na energia?”, escreve Ana Suspiro a certa altura, logo depois do “lead” do artigo (li-o no IHT e não no “New York Times”):
“A peça atribui o mérito nacional nas renováveis ao primeiro governo de Sócrates, citando o primeiro –ministro e Manuel Pinho, isto apesar da reorganização do sector (…) ter começado há mais de dez anos”
E mais adiante, depois de sintetizar o conteúdo da artigo do IHT:
”O artigo retrata a transformação do sector energético mas não avalia o impacto do Plano Nacional de Barragens, agora em curso”.

Anónimo disse...

Acho no mínimo estranho tanto consenso anti-Jornalismo e pró-Poder. Por vezes parece-me que o mundo se desencontra assim do avesso, mas talvez seja uma mera ilusão de óptica, ou uma questão de perspectiva (desde cima ou desde baixo).

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Gustavo Sampaio: nada me move contra o jornalismo, mas sou um inimigo ferrenho do jornalismo (ou do bloguismo) negativista, que só se entretém a inventariar o que (na sua opinião) vai mal em Portugal, aparentemente por receio que isso possa ser inscrito a crédito ao "poder". Entre essa escrita e o tabliodismo televisivo (incêndios, acidentes, etc) venha o diabo e escolha. O meu critério na avaliação dos jornalistas e dos blogueiros é muito simples: só respeito quem seja capaz de dizer mal do poder num dia e, noutro dia, se assim se justificar, elogiar e dizer bem.

Anónimo disse...

Floresce como os dispositivos de compensação para colmatar a ambivalência e direcionar posições, às vezes, como pacto de silêncio para não extremar ou para a oposição não perder pitada da oposição, não vá a essência per si emergir clara e limpida e denunciar, o eu no poder faria muito melhor, logo é a minha vez.

Depois quando nos apresentam resultados positivos tentamos subestimá-los através do equacionamento do processo precedente, embora não se joguem todos os critérios de validade e consistência interna.

"Aparentemente por receio que isso possa ser inscrito a crédito ao "poder"."(FSC:2010)
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Convenhamos, que nos últimos tempos não existirão muitas razões para dizer bem do poder. Não será por isso?

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