quinta-feira, abril 09, 2009

As Ruas de Mísia

Foi um espectáculo singular aquele que Mísia apresentou ontem à noite no Casino de Paris. Uma sala cheia, com muitos portugueses mas não só, teve oportunidade de seguir um percurso desenhado pela cantora, desde o fado mais ou menos (como ela gosta) convencional até um repertório internacional muito cuidado, com uma musicalidade que alia a viola eléctrica à guitarra. Este espectáculo corresponde ao seu mais recente disco, "Ruas".

Mísia é um caso à parte na música portuguesa. Culta, muito rigorosa nos poetas que escolhe, tem um estilo que pode afastar alguns puristas, mas que agrada a um público fiel. Embora tenha vários dos seus discos, era a primeira vez que ouvia Mísia ao vivo e, por essa razão, estava curioso de ver a reacção da plateia. Que foi muito positiva.

O fado anda por França com uma força que me parece bem maior do que a que tem em Portugal. Desde que cheguei a Paris, por aqui passaram, entre vários outros intérpretes, Kátia Guerreiro, Ana Moura, Mafalda Arnauth e Mísia. Que venham mais!

3 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Mísia só podia ser, pela sua história de vida, um caso especial. Daqueles em que o passado é a teia de um futuro que se escolhe e se cumpre.
Conheço-lhe uma única entrevista pessoal, que li atentamente e me impressionou. Julgo que terá sido no Expresso.
Outra cantadeira deveria, também, poder passar por Paris. Menos conhecida- foi durante muitos anos a mulher de Camané - Aldina Duarte é outro "caso" no fado nacional.
Ainda bem que depois de Amália, outros se seguiram com bastante sucesso. E ainda bem que temos um Embaixador de Portugal em França que gosta de ouvir fadistas, mesmo quando eles não obedecem aos critérios mais puristas. É uma sorte para nós e para os franceses!

João Espinho disse...

Para mim, a melhor voz do fado! Infelizmente ignorada dos portugueses. Recebi o CD "Ruas" vindo da Alemanha. Por aqui, não o consegui encontrar.

Anónimo disse...

Mísia, de quem tenho o privilégio de ser amigo, em virtude de uma infinita admirão, leva-nos neste seu belíssimo Ruas pelos recantos de sombra e luz pela cidadela da memória e do afecto, a voz completa os arcos incompletos das gaivotas à solta, ébrias de vento, o fado franqueia as esquinas do Tejo apertadas pelo mar, as fímbrias de orquídeas trazem o perfume de grandes poetas. Depois, em Tourists, as ruas desaguam no mundo e com Mísia temos, afinal, um motivo pour ne pas vivre seul, basta qu'on vit avec sa voix. Obrigado Mísia, por ser "de vidro".
luís filipe pereira
wwww.lippepereira@blogspot.com

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